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domingo, 10 de julho de 2011

Aprendiz de Ferreiro - Capítulo 7



Olá pessoal!

A faculdade quebrando o meu tempo (tá ok, e o PS3 também) e eu ficando um mês sem postar... Isso não se repetirá! Então meus queridos, fiquem com o próximo capítulo do conto aqui, e aguardem novidades para essa semana!

Abração e até a próxima batalha!

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Definitivamente eu estava ficando melhor nisso.

É engraçado como as lutas passam em borrões de memória quando tentamos nos lembrar delas mas, na hora, parece que são tão lentas quanto a neve sendo carregada pelo vento. O homem de sobretudo investiu em minha direção, a espada tendo como alvo o meu braço do escudo, na altura do ombro. Me desloquei para trás, saindo do alcance do ataque.

Eu mantinha os meus olhos nos dele o tempo todo. Eram olhos opacos, loucos, mas me diziam a intenção de seu golpe, onde queria me acertar. Investi uma vez, mas meu ataque foi aparado por sua lâmina, e o contragolpe quase me cortou fora o pescoço. Defendi por um fio de cabelo e novamente me afastei para ganhar espaço.

Meu adversário tinha uma excelente postura de combate, mantendo o escudo sempre em guarda alta, e a espada posicionada de forma que seus contragolpes aproveitavam o máximo de sua corpulência de velocidade. Um assaltante de estrada não podia ser tão bem treinado assim.

Investi novamente, tendo seu braço da espada como objetivo, mas meu golpe foi bloqueado por um movimento circular do escudo e sua espada novamente passou próxima de minha garganta. Recuei dois passos e assumi novamente a postura de combate, segurando minha arma com as duas mãos, a ponta da lâmina na direção entre os olhos de meu oponente, à frente de meu corpo. Uma postura defensiva, que me foi ensinada pelo mestre de armas da propriedade de meu pai.

Os segundos seguintes foram tão rápidos que mal me lembro. O assassino avançou, girando sua espada sobre sua cabeça e promovendo um arco descendente, visando minha testa. Com a ponta de minha espada atingi sua arma, desviando a rota do golpe, que passou, inofensivo, à minha direita. Em um movimento fluido, desci a espada, de forma circular, em sua coxa direita. Era meu primeiro golpe com aço atingindo couro, tecido, carne e ossos. Nunca havia aprendido a calcular a força de um golpe. Mal sabia o quão afiada era minha espada.

Separei a perna do assassino de seu corpo.

O arco de sangue que se fez no ar é algo que jamais esquecerei. O grito do homem que antes me ameaçava quase me deu pena. Ele cambaleou e caiu. A ferida que sobrou em seu membro inferior direito jorrava um volume de sangue que eu mal sabia existir dentro do corpo humano. Ele deixou cair a espada e o escudo e agarrou o resto de coxa com as duas mãos. Pouco depois, pálido, perdeu os sentidos.

Eu confesso que fiquei alguns momentos em choque, parado. Mas tinha que fazer algo para salvá-lo. Utilizei tecidos para fazer uma bandagem na ferida, para que o sangue parasse de fluir. Não tive muito sucesso. Rapidamente coloquei a carga de minério no lombo do cavalo, e ergui o homem e seus equipamentos em minhas costas, avançando o mais rápido que podia no sentido de Ibelin. Não senti o tempo passar, tamanho era meu desespero. Por isso não percebi que, por vários minutos, carreguei um cadáver. O assassino se esvaiu em sangue durante o trajeto e eu nada pude fazer para salvá-lo.

Caminhei para fora da trilha e o deitei ao lado de uma árvore. Peguei sua armadura, seu escudo e sua espada. Sujo de sangue, caminhei de volta para Ibelin, ao lado do cavalo. Depois de algumas horas de caminhada, avistei novamente as muralhas seguras de minha cidade. Ao me aproximar da entrada do portão, fui interpelado pelos guardas, afinal, estava totalmente sujo de sangue e fazia todo sentido os guardas me abordarem. Depois de explicações, andei até a casa de meu pai.

O final daquela tarde passou também como um borrão. Minha mãe absurdamente preocupada por me ver banhado em sangue, embora não fosse meu. Já meu velho pai me conduziu até a forja, depois que os auxiliares foram liberados, e começou a martelar uma ombreira metálica. Olhou-me pelo canto dos olhos e se pronunciou.

-Então meu filho. Me conte o que aconteceu.

Sentei-me em um banco e iniciei meu relato. Enquanto forjava a peça de metal me ouvia atentamente. Quando terminei, ele me olhou fundo nos olhos antes de proferir suas palavras. Palavras aquelas que mudariam muito a minha vida.

-Você viaja para a capital amanhã. Levará uma mensagem minha para o Rei.

Olhei para ele atônito. Iria mais distante de casa sozinho do que jamais havia ido.

Continua...