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quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Adeus




Olá pessoal!

As pessoas que me conhecem sabem que eu tenho o péssimo hábito de não terminar várias paradas que eu começo. Estou escrevendo aqui hoje pra avisar ao caro amigo leitor que vou fazer isso mais uma vez.

Aos que ainda visitavam aqui o blog, adiós. Não voltarei a postar aqui e, no momento, em nenhum outro lugar. Os Pontos de Vida do aprendiz acabaram.

Quem conhece a minha história de vida sabe que eu já sou um pouco calejado no quesito tomar porrada da vida. Não que eu tenha uma vida ruim, ou que eu passe fome, ou sofra bullyng, ou que torça pelo Fluminense e tenha assistido à jogos da terceira divisão no Maracanã (tá, a parte do Fluminense é verdade).

A maioria das pessoas tem que enfrentar seu primeiro problema quando gosta de uma menina e tem vergonha de se declarar, ou então fica cheia de dúvidas sobre que rumo tomar na vida, ou coisas assim.

Meu primeiro desafio foi ficar vivo.

Eu tive uma doença em que, na época, a taxa de sobrevivência era de 1 em 1 milhão. Ninguém achava que eu ia sobreviver. Só eu. Eu tinha certeza, e falava pros meus pais que ia dar tudo certo. Eu só tinha 3 anos, mas eu sabia que ia dar tudo certo.

Meu pai me diz que isso forjou meu aço logo cedo. Eu penso que ainda não sei se já sou aço verdadeiro, que se molda, flexiona, corta, resiste e não quebra, ou se ainda sou ferro, que é rígido e ao invés de dobrar, trinca e se parte. Só sei que esse problema foi meu primeiro batismo.

Fui fazer faculdade de medicina porque eu queria ajudar as pessoas. Não me decepcionei. Apesar de um milhão de problemas que o sistema de saúde tem no país e de algumas pessoas que insistem em fazer besteira e manchar a profissão, cada pequena vez que eu ajudei alguém, que eu fui útil pra um paciente, que eu segurei a mão de alguém que sentia dor, já valeu. E ainda haverão muitos outros momentos assim, eu espero. Só que eu me deparei com alguns problemas no percurso. Normal, todo mundo tem os seus.

Eu realmente detesto a comparação da medicina com um sacerdócio, mas parece que isso está intrincado na mente do mundo. Médicos são vistos como criaturinhas diferentes, e eu tou muito cansado de ser diferente. Tenho uma perna menor e mais fraca que a outra, sequela da minha doença de moleque. Tinha mais grana do que a maioria dos meus amigos que estudavam na escola pública que eu estudei. Sempre precisei estudar pouco pra tirar notas boas e aprender. É foda ser visto como diferente, quando levantam uma parede invisível que te separa dos outros. Tudo o que você gostaria era a aceitação, e todo gamer sabe que parede invisível tira foda a imersão.

Estou cansado de ser visto como diferente, mas acho que me acostumei. Melhor se acostumar, aliás, se não quer desistir da medicina. Mas não deixe que o senso comum norteie seus pensamentos. Sim, alguns sonhos vão ter que ficar pra trás para que outros se realizem ou venham a ser sonhados. Mas não desista do fundamental. Alguns desejos seus são o que te define, e não se deve abrir mão desses.

Eu amo escrever e desenhar. Faz parte do que eu sou. Adoro fazer várias outras coisas, como jogar games, card games, ficar de bobeira e fuçar a internet. Nada de errado com isso. Mas, contudo, todavia, entretanto, eu tenho errado em escolhas e no meu caminho.

Como me disse uma pessoa muito sábia, sou irresponsável, não sou asseado, sou desorganizado e não dou valor ao que ganho. Minha personalidade e caráter são erros que foram cometidos por mim e por quem me educou. Não tenho iniciativa, não sei resolver meus problemas com presteza e vou apanhar muito da vida quando precisar me virar sozinho.

Ouvir isso teve um lado bom e um ruim.

O ruim é que é verdade. Sou mesmo uma pessoa ruim, embora não concorde com tudo o que foi falado, a maioria está correta. É foda dar de cara com vários dos seus defeitos, jogados na sua cara de uma vez só e não ter o que responder.

O bom é que encheu meu peito. Preciso mudar. Muito. Preciso me dedicar ao que merece dedicação e ao que vai me trazer retorno para levar adiante meus planos.

É por isso, meus queridos leitores, que vou ficar fora de circulação da internet por um bom tempo. Amo escrever, mas preciso estudar, vou começar a trabalhar em 2012 e, se tudo correr bem, em alguns anos eu posso voltar a criar histórias e contos (e, quem sabe, finalmente escrever meu livro).

Agradeço muito mesmo ao apoio daquela meia dúzia de pessoas que vinha aqui, lia o que eu escrevia, comentava, falava comigo na faculdade ou no msn/skype/facebook sobre o que estava aqui no blog. Obrigado mesmo galera. Cada um de vocês (seis ou sete, rsrsrs) vai estar sempre comigo, me dando força mesmo sem saber, e multiplicando a energia que eu estarei empregando na vida.

Eu já passei por um batismo onde o ferro foi moldado. Agora tá na hora de forjar meu verdadeiro aço.

Um abraço enorme para todos vocês. Enorme mesmo. Não vai ter próxima batalha aqui. Não dessa vez.

E adeus.