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terça-feira, 10 de maio de 2011

Histórias da Taverna



Olá Pessoal!

Realmente está difícil manter uma regularidade maior, por causa dos estudos e tudo mais, mas cá estou eu novamente, com um conteúdo um pouco fora do meu estilo dessa vez.

Explico: eu curto muito (muito mesmo) os cenários de fantasia e ficção, com toques mais medievais, de época, algo no estilo O Senhor dos Anéis, A busca pelo Graal e o famigerado Viagem a Trevaterra (Quem conhece, conhece, rsrsrs). Entretanto, eu acredito que, como aspirante a escritor, devo me aventurar em lugares mais inexplorados... no meu caso, o cenário do pequeno conto que será apresentado a seguir.

Espero que gostem e critiquem, porque só tomando umas porradas é que a gente ganha ponto de experiência pra aumentar as perícias! Ah, e estudando também, rsrs

Fiquem com o conto, e até a próxima batalha!

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12 de Novembro de 2010.

Suíça.

-Bem vindo, agente Cooper. Chegou precisamente no horário marcado.

O homem alto de paletó preto o recebeu de forma cortês no hotel de luxo onde se encontravam. Hector Cooper adentrou o recinto de forma calma, porém com um certo pressentimento ruim. A missão Suíça era encargo de seu camarada agente Stan. Era um ótimo agente, nunca falhava. Sua presença ali devia indicar que algo não havia saído como planejado.

-Recebi a mensagem ontem à noite. O Bureau fez o favor de me conseguir um vôo sem escalas dez minutos após a meia noite.

O homem alto circundou uma pequena mesa de mármore, na ante sala da suíte. Sentou-se em uma cadeira com forro de veludo vinho e convidou o agente Cooper a sentar-se também, de frente para ele. Sobre a mesa havia um surrado envelope de papel pardo, do tamanho de um jornal aberto. Quando ambos se sentaram, Hector encarou o envelope por alguns momentos. O homem alto fez sinal para que ele o abrisse.

O agente Cooper quase prendeu a respiração ao observar o conteúdo do envelope. Olhou para o homem alto, incrédulo.

-Então... a missão Suíça era... isso? Como...?

O homem alto se levantou, com um controle na mão, parecido com um controle de televisão. Apontou-o para a parede e apertou um botão. Parte da parede deu lugar à uma tela de projeção, que desceu do teto. Começaram a se projetar imagens de rostos conhecidos para o agente Cooper. Havia os estudado durante o período de testes do Bureau. Ali estavam os mais procurados do mundo. Terroristas, líderes de cartéis de drogas e indivíduos envolvidos em tráfico de seres humanos. Entre as fotos, o rosto desconhecido de um homem de meia idade, caucasiano, careca, com feições orientais, usando um terno caro.

-Agente Cooper, preste atenção. Você deve entender o sigilo do que denominamos de missão Suíça. Depois dos eventos em 11 de setembro, deve parecer óbvio que uma notícia dessas não poderia ir à público. Imagine a histeria coletiva. Imagine o pânico, os saques. Não, definitivamente, não pode ir à público.

Cooper endireitou-se na cadeira. Absorvia cada palavra do homem alto, em busca de esclarecimento. Passou o olho pelos documentos em suas mãos. Estavam datados de quatro dias atrás. Hotel Marriot, um dos melhores hotéis locais, cinco estrelas. Uma reserva.

-O agente Stan veio para cá meses atrás, coletando informações. Antes de perdermos comunicações com ele recebemos a mensagem em anexo no envelope.

Hector abriu o envelope menor, de papel branco. Notou que havia nele um lacre de cera vermelha, com um sinete que lhe era familiar, embora não conseguisse se lembrar dele de primeira. Talvez pelo nervosismo, pensou.

Pela segunda vez naquele dia, Hector Cooper prendeu a respiração. Aquilo sim era algo que jamais teria imaginado. Passou os dedos pelo relevo do convite. Seria em dois dias. Finalmente começava a fazer sentido sua convocação em caráter urgente.

-Então, senhor, qual é a missão?

O jovem agente olhou para o homem alto enquanto este se levantava e caminhava até a janela, onde, abaixo, havia uma pequena mesa em estilo vitoriano. Abriu a gaveta e pegou outro envelope de papel pardo, similar ao primeiro, embora esse parecesse um tanto quanto mais pesado. Entregou nas mãos de Cooper.

-Agente Cooper, suas instruções estão aí dentro, bem como as ferramentas de que vai precisar. Não falhe.

Foi então que Hector Cooper foi banhado em sangue. Aconteceu muito rápido, uma fração de segundo. A testa do homem alto se abriu de dentro para fora, espirrando sobre o agente sangue e massa encefálica. Cooper rolou de lado, vendo a janela quebrada e o reflexo do cano da arma de um atirador de elite no prédio vizinho. Rastejou até a porta, ouvindo o som de mais dois projéteis atravessando vidro e concreto.

Não foi atingido por sorte, conseguindo abrir a porta e se esgueirar para o corredor. Correu desequilibrado até a escada de emergência, que descia pelo lado oposto ao do prédio do atirador. Saltou os degraus de três em três, até chegar ao sétimo andar, onde parou por um instante. Não poderia chegar ao saguão no estado em que se encontrava. Abriu a porta em não mais que uma fresta, e observou o corredor.

Vazio. Caminhou até o quarto setecentos e três, ajoelhando-se de frente para a fechadura. Tirou, do bolso interno de seu paletó, uma pequena ferramenta, parecida com um canivete, só que, ao invés de liberar lâminas, liberava pequenos filamentos de metal, parecidos com grampos de cabelo. Em alguns instantes utilizou a ferramenta para destrancar a fechadura. Levantou-se.

De seu coldre escondido sob o paletó sacou uma pistola nove milímetros equipada com silenciador. Tateou a maçaneta e deslizou a porta devagar. O apartamento parecia vazio, embora houvessem algumas roupas espalhadas na ante-sala. Entrou e fechou a porta, fazendo uma rápida busca nos arredores. Fechou as janelas e se certificou de estar realmente sozinho no local.

Foi até o banheiro, lavando-se. Despiu-se e tomou um banho, removendo as manchas de sangue e coágulos. Secou-se e abriu o armário, em busca de roupas que lhe coubessem. Separou uma calça de tecido preta, um par de meias brancas, uma camisa de mangas branca e uma jaqueta de couro preta. Ficava um pouco larga, mas não tanto. Antes de se vestir, abriu o envelope de papel pardo que lhe fora dado.

Franziu a testa. Além de um envelope menor onde haviam instruções escritas de maneira codificada, seguindo o código do bureau, haviam mais dois itens estranhos à Hector.

O primeiro era como um traje de mergulho. Cobria dos pés ao pescoço, sendo que a cobertura das mãos era como luvas onde os dedos ficam cobertos, à exceção dos indicadores e polegares, que ficavam expostos. O traje fechava com um zíper da cintura ao pescoço, com uma tira se fechando de forma horizontal sobre a garganta. Era totalmente negro, exceto por algumas linhas e padrões esverdeados, e seu tecido era algo desconhecido para Cooper.

O segundo item lhe lembrava um soco inglês, só que ao invés de se encaixar em seus dedos, encaixava-se em sua mão, na palma e no dorso. Na palma havia uma espécie de led ou lâmpada luminescente esverdeada. No dorso uma numeração.

02.

Hector pegou o texto do envelope menor e pôs-se a ler. Precisava saber quais eram, exatamente, suas instruções e para que serviam os itens desconhecidos. Permitiu-se sorrir ao ler as especificações. Muito mais por nervosismo que por intusiasmo.

Talvez houvesse realmente uma chance de cumprir a missão.

Vestiu-se, colocando o traje novo por baixo das roupas arranjadas. Ajeitou o coldre de sua pistola por baixo da jaqueta e colocou a manopla, por falta de palavra melhor, em um bolso interno do casaco. Olhou-se no espelho, procurando manchas de sangue e não encontrou nenhuma. Ia se preparando para sair, de fato, suas mãos tocavam a maçaneta, quando esta girou.

Moveu-se rapidamente para trás da porta, mantendo-se fora da linha de visão de quem entrava. Agiu rápido quando certificou-se que era apenas uma pessoa adentrando o recinto. Sua mão esquerda tapou a boca da mulher enquanto que sua mão direita fechou a porta sem fazer barulho. A mulher arregalou os olhos e tentou se libertar, mas foi imobilizada sem ser ferida.

-Não estou aqui para machucá-la. Se acalme e eu lhe solto, estava de saída. Além das roupas que estou vestindo, não me apossei de mais nada. Deixei alguns dólares sobre a cama, para compensar.

Hector disse isso de forma calma e com a voz baixa. Deu dois passos para trás, se afastando da mulher e se aproximando da porta.

A mulher era jovem, devia ter em torno dos vinte e seis anos. Usava um vestido azul claro com um corte que lhe caía reto dos seios aos joelhos. Tinha um decote abaulado e uma fenda lateral na saia. Usava sapatos de salto altos que combinavam com o vestido e o cabelo preso em um elegante coque atrás da cabeça. Era loira e pouco mais baixa que Hector. Seus olhos azuis combinavam perfeitamente com o vestido. Tinha no rosto a expressão assustada de quem acaba de ser dominada por um estranho. Cooper não pôde culpá-la.

-Peço desculpas novamente, e peço que esqueça minha passagem por aqui. Adeus.

Dizendo isso, girou a maçaneta e ganhou o corredor, equanto a jovem mantinha-se no mesmo lugar, como que petrificada. O agente Cooper chegou novamente às escadas de emergência e desceu até o térreo. No saguão, roubou do bolso de um homem que chegava para se instalar no hotel, um par de óculos escuros de estilo aviador. Colocou-os e pôs-se a caminhar nas limpas e organizadas ruas de Berna.

Tinha um leilão para comparecer